Wednesday, August 21, 2013

AVÔ POETA


Meu avô nasceu poeta
Meu avô nasceu poeta
Com uma mão na caneta
E a outra mão no tinteiro
Escrevia versos de amor

Escrevia versos de amor
Que a tantas causou dor
Por bater muito certeiro

As donzelas da aldeia

As donzelas da aldeia
Cantavam como sereia
Quando o viam passar
Queres ser poeta d'alguma

Queres ser poeta d'alguma
Traz cá a tua pluma 
Que há tinteiro p'ra molhar

ÍA MOLHANDO A PONTINHA
ESCREVENDO O DIA INTEIRO
ENQUANTO HAVIA CANETINHA
NÃO LHE FALTAVA TINTEIRO
POIS ERA O ÚNICO POETA
QUE ESCREVIA O DIA INTEIRO
ENQUANTO HAVIA CANETA
NÃO LHE FALTAVA TINTEIRO

Os poemas que escrevia

Os poemas que escrevia
Encaixam numa melodia
De um ritmo primordial
Com tantas rimas a bater

Com tantas rimas a bater
E tão fáceis de entender
Tornou poeta fenomenal

Mas ao casar minha avó

Mas ao casar minha avó
Só quem o visse dava dó
A inspiração desapareceu
É que ninguém imagina

É que ninguém imagina
Com o pesadelo da rotina
Quase nada mais escreveu

ÍA MOLHANDO A PONTINHA
ESCREVENDO O DIA INTEIRO
ENQUANTO HAVIA CANETINHA
NÃO LHE FALTAVA TINTEIRO
POIS ERA O ÚNICO POETA
QUE ESCREVIA O DIA INTEIRO
ENQUANTO HAVIA CANETA
NÃO LHE FALTAVA TINTEIRO

© Todos os direitos reservados. Manuel Rosa/Sing Your Heart Out 1970- 2013

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